A exposição fotográfica As Belezas do Pantanal fica em cartaz durante toda essa semana no Galpão C.H.A.M.A., localizado à rua Ivo Gomes, 56 - Loteamento Pantanal, Bairro Inácio Barbosa. As fotos, que tiveram como pauta as belezas e singularidades do pantanal, revelam os olhares de crianças de 6 a 15 anos que moram na comuidade.
Utilizando a técnica artesanal de fotografia pinhole, máquina feita com caixa de fósforo, rolo de filme 36mm e fita isolante, cerca de 30 crianças experimentaram uma relação diferente com aquele lugar em que moram. Ao invés de passar cotidianamente pelos
[Na foto acima, Max e Sarau - banda Oganjah] espaços do bairro, o caminhar foi acompanhado de idéias e reflexões sobre os temas debatidos na oficina, que aconteceu em 25 e 26 de maio no Primeiro Final de Semana da Mídia Livre do Pantanal.
No conteúdo passado pelos oficineiros Lúcio Telles, Jake Ohai e Marcos Rodrigues estavam presentes aspectos técnicos da luz, forma e enquadramento, até aspectos mais conceituais de percepção visual e a importância do olhar, pensar e clicar.
"Tio, essa caixa de fósforo vai tirar foto de verdade?" perguntou Adriele de 5 anos ao fotógrafo Lúcio, é realmente mágico "tem coisas que você consegue explicar quimicamente e até entender, é claro que conseguimos saber cientificamente como a luz queima o papel fotossensível, mas isso se parece muito mais com mágica do que com ciência" fala o fotógrafo e oficineiro de fotografia do projeto C.H.A.M.A Jake Ohai. Era essa também a sensação de todos e todas que estiveram presentes na oficina de fotografia pinhole no Pantanal.
Em cada olhar, um deslumbramento e um encantamento diante daquela tecnologia artesanal. Foram produzidas na oficina 30 câmeras de fotografar, as crianças contaram com a ajuda dos estudantes dos cursos de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS) que estiveram na oficina registrando a atividade e ajudando na montagem das máquinas.
Finalmente, o dia do resultado! Ver aquele papel queimado pela luz do sol, que penetrava no furinho da caixa de fósforo, era ainda mais impressionante do que havia sido a construção das máquinas. A exposição As belezas do Pantanal revelou o recorte de uma realidade através de um olhar atento, apaixonado, despretencioso de crianças da comunidade. "É de encher a alma de alegria e olho de lágrimas" como dizia a frase de apresentação da exposição.
O desfoque das imagens, aspecto técnico desse tipo de fotografia, mais o detalhe de uma moldura singular que apresentava cada máquina, aliado a uma exposição irregular à luz deram como resultado fotografias que revelam muito mais do que o congelar de uma cena. O rio Poxim, presente em muitas fotos tiradas pelas crianças, as casas, que ainda apresentam árvores ao redor, as crianças brincando na rua, toda a realidade do pantanal estampada na parede do galpão C.H.A.M.A.. Aquele mundo captado e falado pelos que lá vivem e mostradas para os que lá moram, a democratização do acesso aos meios de comunicar-se, a apropriação dos meios de produção de imagem, muitas vezes restrito aos meios de comunicação privados.
A importância da oficina está naquele momento anterior ao click (que no caso da câmera artesanal não é bem um click), a importância está em parar, olhar a imagem exposta à sua frente e pensar sobre ela, é inevitável o aparecimento de questionamentos e reflexões. As fotos são o resultado disso: do parar, olhar e registrar, e é isso o que é mais importante para a comunidade, se ver, se conhecer, se apropriar daquele espaço e se sentir agente ativo e transformador do lugar que moram.
Cerca de 100 pessoas passaram pelo Galpão C.H.A.M.A na abertura da exposição As Belezas do Pantanal entre morador@s, colaborador@s e comunidade aracajuana em geral. Para os presentes foram oferecidos frutas e sucos, em conformidade com os valores de construção de uma sociedade diferente que valoriza a produção local e natural.
Todas as fotos dessa publicação são clicks de Arthur Pinto, comissão de registro do Projeto C.H.A.M.A
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